OS HOMENS NÃO SÃO TROLHAS!
Trolha: do latim trulha que significa pedreiro ordinário ou servente de pedreiro; homem desprezível; maltrapilho.
Verdade seja dita que os homens, daqueles com barba rija, tirando os vacilantes ou equivocados, hermafroditas e agâmicos, pedófilos ou travestis, sempre foram conotados como heróis e conquistadores ou guerreiros e violadores. Afirmações paradigmáticas do universo feminino tais como: “Os homens não prestam para nada!” ou “Os homens são todos iguais!” caem logo por terra sempre que se quer mudar o guarda-fatos de sítio ou comparar o Danny DeVito com o Arnold Schwarzenegger. Talvez o exemplo que certas constelações femininas referem como simbólico das características masculinas mais toscas surge quando encontram o funcionário da construção civil vulgo trolha. Mas serão os homens trolhas?
Atravessava hoje pela manhã, a zona do Nape, que nos últimos tempos tem vivido ensombrada por um vendaval de progresso que deixa no ar uma poeira ofensiva resultante da colossal envergadura das obras circundantes, quando uma das máquinas perfuradoras, daquelas mesmo à bruta, acordou sobressaltada, largando uma pestilenta fumarada.
Curiosamente no mesmo instante, surgiram na curva quatro meninas chinesas regurgitando mandarim, que lá se vinham agarrando para atravessarem o passeio destruído, em pontas dos pés, com ares de meretriz. Sustentei esta conclusão pelas características ilícitas dos trajes diminutos, incapazes de eficazmente ocultarem dentro da lei, os pares de pernas esbranquiçadas a condizer com a pela branqueada da face, bem expostas e fazendo conjunto com empolgantes decotes. Rameiras ou não, lá iam ajustando a indumentária para baixo e para cima e para os lados, tentando fazer chegar o tecido para cobrir o corpo.
Logo ali surgiu o primeiro trolha da manhã, puxando as manivelas que operavam o braço do tractor, e soltando um daqueles valentes piropos nojentos, em cantonense, por entre um sorriso rasgado, capacete com ares de cowboy acalorado e cigarro nos dentes. Outro trolha, apoiado numa pá, olhava as meninas a passar na esquina. Não consegui entender o que um e outro zurraram, mas devia de certeza ser algum calão cuja versão suavizada seria um: “És boa comó milho” atirado entre dentes ou daquelas afirmações com conotação histórica cuja versão europeia brejeira poderia ser algo como “Foi assim que a Alemanha perdeu a guerra!” acompanhadas de uma subsequente e monumental escarrada.
Concluí, ali mesmo, enquanto abria caminho por entre mais de uma dezena de trolhas de olhos escancarados e sorrisos manhosos de orelha a orelha, que qualquer trolha do mundo se comporta da mesma forma. Nunca deixarão de ser eles próprios, nunca deixarão de ser trolhas. Resta restituir a verdade: os homens não são trolhas mas os trolhas têm de ser homens.
Verdade seja dita que os homens, daqueles com barba rija, tirando os vacilantes ou equivocados, hermafroditas e agâmicos, pedófilos ou travestis, sempre foram conotados como heróis e conquistadores ou guerreiros e violadores. Afirmações paradigmáticas do universo feminino tais como: “Os homens não prestam para nada!” ou “Os homens são todos iguais!” caem logo por terra sempre que se quer mudar o guarda-fatos de sítio ou comparar o Danny DeVito com o Arnold Schwarzenegger. Talvez o exemplo que certas constelações femininas referem como simbólico das características masculinas mais toscas surge quando encontram o funcionário da construção civil vulgo trolha. Mas serão os homens trolhas?
Atravessava hoje pela manhã, a zona do Nape, que nos últimos tempos tem vivido ensombrada por um vendaval de progresso que deixa no ar uma poeira ofensiva resultante da colossal envergadura das obras circundantes, quando uma das máquinas perfuradoras, daquelas mesmo à bruta, acordou sobressaltada, largando uma pestilenta fumarada.
Curiosamente no mesmo instante, surgiram na curva quatro meninas chinesas regurgitando mandarim, que lá se vinham agarrando para atravessarem o passeio destruído, em pontas dos pés, com ares de meretriz. Sustentei esta conclusão pelas características ilícitas dos trajes diminutos, incapazes de eficazmente ocultarem dentro da lei, os pares de pernas esbranquiçadas a condizer com a pela branqueada da face, bem expostas e fazendo conjunto com empolgantes decotes. Rameiras ou não, lá iam ajustando a indumentária para baixo e para cima e para os lados, tentando fazer chegar o tecido para cobrir o corpo.
Logo ali surgiu o primeiro trolha da manhã, puxando as manivelas que operavam o braço do tractor, e soltando um daqueles valentes piropos nojentos, em cantonense, por entre um sorriso rasgado, capacete com ares de cowboy acalorado e cigarro nos dentes. Outro trolha, apoiado numa pá, olhava as meninas a passar na esquina. Não consegui entender o que um e outro zurraram, mas devia de certeza ser algum calão cuja versão suavizada seria um: “És boa comó milho” atirado entre dentes ou daquelas afirmações com conotação histórica cuja versão europeia brejeira poderia ser algo como “Foi assim que a Alemanha perdeu a guerra!” acompanhadas de uma subsequente e monumental escarrada.
Concluí, ali mesmo, enquanto abria caminho por entre mais de uma dezena de trolhas de olhos escancarados e sorrisos manhosos de orelha a orelha, que qualquer trolha do mundo se comporta da mesma forma. Nunca deixarão de ser eles próprios, nunca deixarão de ser trolhas. Resta restituir a verdade: os homens não são trolhas mas os trolhas têm de ser homens.